quinta-feira, 15 de abril de 2010


- Você ainda me ama?

Ele me encarou, parecendo surpreso pela pergunta inesperada. Voltou a olhar para o céu, ficando mais confortável ainda na grama fofa.

- É claro que sim.

Silêncio.

- Eu tenho medo de não fazer a escolha certa.

Ele me olhou novamente, e dessa vez esqueceu as nuvens branquinhas que pairavam sob nossas cabeças.

- E se tudo der errado? - Perguntei.

- Se der errado, a gente conserta. Voltamos para o começo e esquecemos os erros.

Dessa vez, ele desviou o olhar. Parecia não se importar com a conversa que estávamos tendo e, pela primeira vez naquela tarde, me senti desesperada.

- Como assim esquecer os erros? Não dá.

- É claro que dá.

Cruzei os braços sob o peito e fechei a cara. Como ele poderia achar tudo tão fácil?

- Não é tão simples assim.

Ele me olhou pela terceira vez e, esboçando um sorriso, disse:

- Sim, querida, é simples assim.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

No céu


Lucy, eu estava passeando pela rua hoje e, como de costume, olhei para o céu. O teu céu. Instantaneamente vieram aquelas perguntas chatas que eu sempre te faço e você nunca responde. Você habita minha mente, faz com que tua doce e decidida voz fique ecoando o tempo inteiro na minha cabeça e não me conta. Não me responde. Não me esclarece. Lucy, as nuances do céu me encantam. Toda aquele azul, todas aquelas nuvens ou falta delas... É bonito. É tão bonito que corrói. Se aí é um lugar melhor que aqui, mesmo que apenas um pouquinho, você deveria me dizer, Lucy. Você deveria me contar, porque assim eu poderia encontrar você e teus diamantes. Eu começo a pensar, Lucy, que aquele livro está certo. Que aquele livro está certo e que sim, acima de mim - não nós, porque você está lá, habitando alguma nuvem que vai e vem - está o Céu. Só isso, o Céu. Agora o que é o Céu é algo relativo e eu não devo dizer aqui. E que abaixo de nós talvez esteja o inferno. Não estou acima, não estou abaixo. Meio termo. Purgatório. Seria, Lucy?